A cidade de Bogotá implementou políticas arrojadas de ar limpo para reduzir a poluição do ar em 24% desde 2018, redesenhando a forma como 8 milhões de pessoas se deslocam e vivem, e construindo uma cidade mais saudável e mais verde.
Bogotá luta há muito tempo contra a poluição atmosférica causada pelos ônibus públicos a diesel, caminhões de carga e poeira das estradas não pavimentadas, especialmente nos bairros mais vulneráveis.
Entre 1998 e 2005, a qualidade do ar em Bogotá atingiu níveis críticos. As concentrações de partículas em suspensão excederam sete vezes o limite atualmente estabelecido pela Organização Mundial da Saúde. Isso teve um impacto severo na saúde pública, particularmente entre crianças, idosos e comunidades de baixa renda.
A poluição do ar urbano é um problema de saúde para todas as cidades do mundo. Para mais de 40% das cidades globais, o desafio é significativo, com níveis de poluentes muitas vezes superiores ao considerado seguro.
Para superar esse desafio, os líderes de Bogotá traçaram um plano ambicioso para transformar a cidade. Eles priorizaram o transporte a pé e de bicicleta, recuperando o espaço das ruas para os pedestres, expandindo as áreas verdes e restringindo os veículos pesados de carga, ao mesmo tempo em que introduziram um transporte público mais limpo e construíram a primeira linha de metrô.
Essas políticas tiveram um impacto significativo em Bogotá. A cidade agora possui a maior rede de ciclovias da América Latina, uma das maiores frotas de ônibus elétricos do mundo, com mais de 1.400 ônibus, três novas linhas de teleférico (duas em construção) e mais de 100 km de faixas exclusivas para ônibus de baixa emissão — tudo isso como parte de um investimento mais amplo de US$ 19,9 bilhões em mobilidade sustentável, qualidade do ar e espaços públicos verdes.
Um passo importante foi o lançamento da primeira Zona Urbana para o Ar Limpo (ZUMA) em Bosa, uma área altamente poluída e de baixa renda no sudoeste da cidade. A área tem como objetivo reduzir as emissões e melhorar a qualidade do ar, integrando medidas como renovação do transporte de carga, pavimentação de estradas, arborização e maior segurança para pedestres e ciclistas.
Bogotá também agiu para reverdecer áreas degradadas. A cidade está plantando 20.000 árvores, criando hortas urbanas, telhados verdes e florestas urbanas, para um ambiente mais saudável e resiliente.
No geral, os resultados são claros. Desde 2018, a poluição do ar caiu quase 24%, apesar do crescimento da população. O tráfego diminuiu, os deslocamentos se tornaram mais curtos e a atividade física aumentou, proporcionando ar mais limpo, cidadãos mais saudáveis e bairros mais habitáveis.
Até 2028, Bogotá espera evitar mais de 300.000 toneladas de CO₂ equivalente por ano – o equivalente a preservar uma floresta dez vezes maior que Manhattan ou retirar 65.000 carros das ruas.
A trajetória de Bogotá, de uma cidade que antes lutava contra a poluição do ar para agora liderar uma das iniciativas mais ambiciosas da região em matéria de ar limpo, mobilidade sustentável e ação climática, mostra o que é possível fazer.
Ser finalista do Prêmio Earthshot é incrivelmente especial para Bogotá, pois, por meio dessa plataforma internacional, podemos mostrar como uma ação coordenada entre transporte, frete e infraestrutura verde pode melhorar drasticamente a qualidade do ar.
Esperamos que isso possa ser replicado em outras cidades do mundo. Se Bogotá ganhar o Prêmio Earthshot, não será apenas uma honra para nós, mas para as cidades do Sul Global, provando que ações climáticas ousadas são urgentes e possíveis.