A Coalizão de Alta Ambição pela Natureza e pelas Pessoas

O esforço global para proteger a biodiversidade enfrentou uma lacuna crítica: não havia uma meta global oficial para a proteção da biodiversidade, muitos governos não tinham promessas concretas e aqueles que fizeram promessas muitas vezes não agiram de acordo com elas. É aí que entra a Coalizão de Alta Ambição (HAC). O objetivo da HAC é preencher essa lacuna, pressionando os governos a se comprometerem e agirem para proteger 30% da terra e dos oceanos do mundo até 2030. Desde sua criação, a HAC expandiu rapidamente sua missão, inscrevendo 120 países na meta 30×30 e dobrando seus signatários desde 2021.

Agora, o desafio urgente é garantir que os governos cumpram esses compromissos. Isso significa acabar com a apropriação ilegal de terras, impedir a extração de recursos e acabar com a pesca excessiva ilegal em áreas protegidas. Além disso, a HAC está trabalhando com os formuladores de políticas para expandir as zonas protegidas, aumentar os investimentos financeiros, fornecer conhecimento técnico e criar apoio político entre os partidos em nível local, nacional e internacional.

Co-presidido pela Costa Rica e pela França, com o Reino Unido como defensor dos oceanos, o HAC desempenhou um papel fundamental na garantia do acordo 30×30 na COP15 (Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade) em 2022. Atualmente, apenas 17% das terras do mundo e 8% de seus oceanos são protegidos. A HAC está trabalhando para ajudar os governos a ir além de suas promessas, pressionando para que esses compromissos sejam transformados em lei, sustentando o impulso político e abordando as barreiras financeiras e técnicas à ação.

Um componente importante desse esforço é o 30×30 Solutions Toolkit, criado para ajudar os países a atingir rapidamente suas metas. O kit de ferramentas compartilha pesquisas científicas, práticas recomendadas e ações replicáveis para orientar os governos na proteção de áreas ameaçadas. Ele oferece roteiros práticos para ajudar os governos a agir com urgência e eficácia.

A ferramenta de combinação financeira e técnica da HAC também desempenha um papel fundamental. Os governos podem solicitar tipos específicos de assistência, utilizando a rede global da HAC de mais de 40 parceiros, incluindo outros governos, ONGs e organizações internacionais. Isso garante que o apoio certo chegue aos governos para atender às suas necessidades.

Os esforços da HAC já levaram a um progresso significativo, com cerca de 50 países membros promulgando ou fortalecendo leis de conservação. Por exemplo, o Chile expandiu sua área de proteção marinha em 1,5 milhão de quilômetros quadrados em 2022.

No local, a HAC apóia os Povos Indígenas e as Comunidades Locais (IPLCs), trabalhando com mais de 200 grupos indígenas. Essas comunidades estão colocando seus conhecimentos e direitos tradicionais no centro dos esforços de conservação. No Canadá, na Austrália e em Rapa Nui (Ilha de Páscoa), essa abordagem ajudou a proteger terras ancestrais e a estabelecer a maior área marinha protegida de uso múltiplo da América do Sul.

O HAC é liderado por Rita Maria El Zaghloul, ex-ministra conselheira da Missão Permanente da ONU na Costa Rica. Sua equipe pequena, mas poderosa, é fundamental para transformar as promessas em ações globais.

A solução adaptável da HAC visa estender as proteções a um número ainda maior de países. Com a conservação dos oceanos ficando atrás da proteção da terra, a HAC está priorizando os esforços para acelerar a proteção dos oceanos e atingir sua meta para 2030 nos próximos seis anos. Uma parte importante de sua ambição é garantir que as Áreas Marinhas Protegidas (MPAs) não sejam apenas criadas, mas também efetivamente aplicadas pelos governos.